quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

 Lucas  ...
Escritor: Lucas
Lugar da Escrita: Cesaréia
Escrita Completada: c. 56-58 EC
Tempo Abrangido: 3 AEC-33 EC


livro de Lucas é o livro de número 42 no cânon das Escrituras. O evangelho de Lucas foi escrito por um homem que tinha mente alerta e coração bondoso, e esta excelente combinação de qualidades, junto com a orientação do espírito de Deus, resultou numa narrativa que é tanto exata como cheia de ardor e sentimento. Nos versículos iniciais, diz: “Também eu, tendo pesquisado todas as coisas com exatidão, desde o início, resolvi escrevê-los para ti em ordem lógica.” A sua apresentação pormenorizada e meticulosa confirma plenamente esta afirmação. — Luc. 1:3.

Embora Lucas não seja mencionado em parte alguma da narrativa, as autoridades antigas concordam que ele foi o escritor. O Evangelho é atribuído a Lucas no Fragmento Muratoriano (c. 170 EC), e foi aceito por escritores do segundo século tais como Irineu e Clemente de Alexandria. A evidência interna também indica fortemente Lucas. Paulo refere-se a ele em Colossenses 4:14 como “Lucas, o médico amado”, e sua obra tem o cunho erudito que se espera de uma pessoa bem instruída, como um médico. A sua boa linguagem e seu vocabulário extenso, mais amplo do que o dos escritores dos outros três Evangelhos somados, tornam possível uma consideração meticulosa e completa de seu assunto vital. A sua narrativa sobre o filho pródigo é considerada por alguns como sendo o melhor conto já escrito.

Lucas usa mais de 300 termos médicos ou palavras às quais atribui sentido médico, que não são empregados do mesmo modo (se é que são usados) pelos outros escritores das Escrituras Gregas Cristãs. Por exemplo, ao se referir à lepra, Lucas nem sempre emprega o mesmo termo que os outros. Para eles, lepra é lepra, mas para um médico há diferentes estágios de lepra, como no caso em que Lucas fala de “um homem cheio de lepra”. De Lázaro ele diz que estava “cheio de úlceras”. Nenhum outro escritor dos Evangelhos diz que a sogra de Pedro tinha “febre alta”. (5:12; 16:20; 4:38) Embora os três outros nos falem de Pedro decepar a orelha do escravo do sumo sacerdote, apenas Lucas menciona que Jesus o curou. (22:51) Soa como se um médico falasse, dizer que uma mulher tinha “um espírito de fraqueza, já por dezoito anos, e ela estava encurvada e não podia absolutamente endireitar-se”. E quem senão “Lucas, o médico amado”, teria registrado em pormenores os primeiros socorros prestados a certo homem pelo samaritano que “lhe atou as feridas, derramando nelas azeite e vinho”? — 13:11; 10:34.

Quando escreveu Lucas o seu Evangelho? Atos 1:1 indica que o escritor de Atos (que também foi Lucas) havia composto anteriormente “o primeiro relato”, o Evangelho. Atos foi mais provavelmente completado por volta de 61 EC, enquanto Lucas estava em Roma com Paulo, que esperava o seu recurso interposto a César. De modo que o relato do Evangelho feito por Lucas foi provavelmente escrito em Cesaréia, por volta de 56-58 EC, depois de ele retornar com Paulo de Filipos, no fim da terceira viagem missionária de Paulo, e enquanto este esperava por dois anos na prisão em Cesaréia, antes de ser levado a Roma para o seu recurso. Durante este tempo, visto que Lucas estava na Palestina, estava em boa posição para ‘pesquisar todas as coisas com exatidão, desde o início’, com respeito à vida e ao ministério de Jesus. Deste modo, parece que a narrativa de Lucas precedeu o Evangelho de Marcos.

Lucas não foi, como é óbvio, testemunha ocular de todos os eventos que registra no seu Evangelho, visto que não era um dos 12 e provavelmente só tornou-se crente depois da morte de Jesus. Todavia, estava mui intimamente associado a Paulo no campo missionário. (2 Tim. 4:11; Filêm. 24) Portanto, como seria de esperar, a sua escrita evidencia influência de Paulo, conforme pode ser visto mediante a comparação dos relatos dos dois sobre a Refeição Noturna do Senhor, em Lucas 22:19, 20 e 1 Coríntios 11:23-25. Qual fonte adicional de consulta, Lucas podia recorrer ao Evangelho de Mateus. Ao ‘pesquisar todas as coisas com exatidão’, ele podia entrevistar pessoalmente muitas testemunhas oculares dos eventos da vida de Jesus, tais como os discípulos que ainda viviam e possivelmente a mãe de Jesus, Maria. Podemos ter certeza de que ele esgotaria todos os meios para reunir pormenores fidedignos.

Torna-se claro pelo exame dos quatro Evangelhos que os escritores não repetem simplesmente a narrativa um do outro, tampouco escrevem só para fornecer diversas testemunhas deste vitalíssimo registro bíblico. O relato de Lucas tem uma maneira muito peculiar de tratar o assunto. Ao todo, 59 por cento do seu evangelho é ímpar. Ele registra pelo menos seis milagres específicos e mais do que o dobro desse número de ilustrações que não são mencionados nos outros Evangelhos, devotando um terço de seu Evangelho à narrativa e dois terços à palavra oral; seu Evangelho é o mais longo dos quatro. Mateus escreveu primariamente para os judeus, e Marcos para os leitores não-judeus, em especial os romanos. O Evangelho de Lucas foi dirigido ao “excelentíssimo Teófilo” e, por intermédio dele, a outras pessoas, tanto judeus como não-judeus. (Luc. 1:3, 4) Ao dar a seu relato um atrativo universal, remonta a genealogia de Jesus até “Adão, filho de Deus”, e não só até Abraão, como faz Mateus ao escrever especialmente para os judeus. Ele menciona, particularmente, as palavras proféticas de Simeão que Jesus seria o meio de “remover das nações o véu”, e diz que “toda a carne verá o meio salvador de Deus”. — 3:38; 2:29-32; 3:6.

Em todo o seu livro, Lucas se revela notável narrador, sendo os seus relatos bem organizados e exatos. Estas qualidades de exatidão e fidelidade nos escritos de Lucas são forte prova de sua autenticidade. Certo escritor de assuntos legais fez a seguinte observação: “Ao passo que os romances, as lendas e o testemunho falso tomam o cuidado de colocar os eventos narrados em algum lugar distante e em algum tempo indefinido, violando assim as primeiras regras que nós, advogados, aprendemos sobre o bom patrocínio duma causa em juízo, de que ‘a declaração precisa especificar o tempo e o lugar’, as narrativas da Bíblia dão-nos a data e o lugar das coisas narradas com a máxima precisão.” Em prova disto ele citou Lucas 3:1, 2: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia e Herodes era governante distrital da Galiléia, mas Filipe, seu irmão, era governante distrital do país da Ituréia e de Traconítis, e Lisânias era governante distrital de Abilene, nos dias do principal sacerdote Anás e de Caifás, veio a declaração de Deus a João, filho de Zacarias, no ermo.” Não há indefinição alguma aqui quanto ao tempo e lugar, mas Lucas menciona aqui nada menos do que sete autoridades públicas, de modo que podemos estabelecer o tempo do início do ministério de João e do de Jesus.

Lucas nos dá também dois indícios para determinarmos a época do nascimento de Jesus, ao dizer, em Lucas 2:1, 2: “Ora, naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que toda a terra habitada se registrasse; (este primeiro registro ocorreu quando Quirino era governador da Síria).” Isso ocorreu quando José e Maria foram a Belém para se registrar, e Jesus nasceu enquanto se achavam ali. Não podemos deixar de concordar com o comentarista que diz: “É um dos testes mais escrutinadores do senso histórico de Lucas, que ele sempre consegue perfeita precisão.” Precisamos reconhecer que é válida a afirmação de Lucas de ter “pesquisado todas as coisas com exatidão, desde o início”.

Lucas mostra também que as profecias das Escrituras Hebraicas foram cumpridas com precisão em Jesus Cristo. Cita o testemunho inspirado de Jesus sobre isso. (24:27, 44) Além disso, registra com exatidão as próprias profecias de Jesus com respeito a eventos futuros, e muitas destas já tiveram notável cumprimento em todos os seus pormenores. Por exemplo, Jerusalém foi cercada com uma fortificação de estacas pontiagudas e sucumbiu num terrível holocausto em 70 EC, assim como Jesus predissera. (Luc. 19:43, 44; 21:20-24; Mat. 24:2) O historiador secular Flávio Josefo, que foi testemunha ocular junto ao exército romano, testifica que os arrabaldes ficaram desnudados de árvores a uma distância de uns dezesseis quilômetros para fornecer estacas, que o muro do cerco tinha sete mil e duzentos metros de comprimento, que muitas mulheres e crianças morreram de fome, e que mais de 1.000.000 de judeus perderam a vida e 97.000 foram levados cativos. Até o dia de hoje, o Arco de Tito em Roma representa a procissão da vitória romana com despojos de guerra do templo de Jerusalém. Podemos ter certeza de que outras profecias inspiradas registradas por Lucas serão cumpridas com a mesma precisão. 

rci//rv

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