quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

 Livro de Marcos...

Escritor: Marcos
Lugar da Escrita: Roma
Escrita Completada: c. 60-65 EC
Tempo Abrangido: 29-33 EC

livro de Marcos é o de número 41 no cânon das Escrituras. Quando prenderam a Jesus em Getsêmani e os apóstolos fugiram, ele foi seguido por “certo jovem, que usava uma roupa de linho fino por cima do corpo nu”. Quando a multidão tentou pegá-lo também, “ele largou a sua roupa de linho e escapou nu”. Acredita-se em geral que este jovem tenha sido Marcos. Ele é descrito em Atos como “João, cognominado Marcos”, e talvez fosse de família que gozava de boa posição social em Jerusalém, pois tinham casa própria e servos. Sua mãe, Maria, era também cristã, e a congregação primitiva usava sua casa como local de reunião. Na ocasião em que foi libertado da prisão por um anjo, Pedro foi a esta casa e encontrou os irmãos reunidos ali. — Mar. 14:51, 52; Atos 12:12, 13.

O missionário Barnabé, levita de Chipre, era primo de Marcos. (Atos 4:36; Col. 4:10) Quando Barnabé veio com Paulo a Jerusalém, em conexão com uma obra de socorros por causa da fome, Marcos chegou a conhecer Paulo também. Esta associação na congregação e com zelosos ministros visitantes, sem dúvida, instilou em Marcos o desejo de entrar no serviço missionário. De modo que o observamos qual companheiro e assistente de Paulo e de Barnabé na primeira viagem missionária deles. Por algum motivo, porém, Marcos os deixou em Perge, na Panfília, e voltou para Jerusalém. (Atos 11:29, 30; 12:25; 13:5, 13) Por causa disso, Paulo se recusou a levar Marcos consigo na sua segunda viagem missionária, e isto resultou num rompimento de relações entre Paulo e Barnabé. Paulo levou consigo Silas, ao passo que Barnabé levou seu primo Marcos e embarcou com destino a Chipre. — Atos 15:36-41.

Marcos demonstrou seu real valor no ministério e se tornou uma preciosa ajuda, não só para Barnabé, mas também, mais tarde, para os apóstolos Pedro e Paulo. Marcos estava com Paulo (c. 60-61 EC) durante seu primeiro encarceramento em Roma. (Filêm. 1, 24) Daí, encontramos Marcos com Pedro em Babilônia, entre os anos 62 e 64 EC. (1 Ped. 5:13) Paulo é novamente prisioneiro em Roma, provavelmente no ano 65 EC, e, numa carta, pede a Timóteo que traga consigo a Marcos, “porque ele me é útil para ministrar”. (2 Tim. 1:8; 4:11) Esta é a última menção de Marcos no registro bíblico.

A composição desse mais curto dos Evangelhos é atribuída a este Marcos. Ele foi colaborador dos apóstolos de Jesus, e colocou a própria vida a serviço das boas novas. Mas Marcos não foi um dos 12 apóstolos e não acompanhou pessoalmente a Jesus. De onde obteve os pormenores que fazem que sua narrativa do ministério de Jesus seja realmente vívida desde o começo até o fim? Segundo a mais antiga tradição de Pápias, Orígenes e Tertuliano, esta fonte foi Pedro, com quem Marcos tinha associação íntima. Não chamou Pedro a ele de “meu filho”? (1 Ped. 5:13) Pedro foi testemunha ocular a bem dizer de tudo que Marcos registrou, de modo que ele poderia ter chegado a saber de Pedro os muitos pontos descritivos que não constam nos outros Evangelhos. Por exemplo, Marcos fala dos “homens contratados” que trabalhavam para Zebedeu, do leproso que suplicou a Jesus “de joelhos”, do homem endemoninhado que “se cortava com pedras”, e de Jesus dar a sua profecia sobre a ‘vinda do Filho do homem com grande poder e glória’, sentado no monte das Oliveiras “com o templo à vista”. — Mar. 1:20, 40; 5:5; 13:3, 26.

O próprio Pedro era homem de profundas emoções, de modo que podia reconhecer e descrever a Marcos os sentimentos e as emoções de Jesus. Assim, Marcos frequentemente relata como Jesus se sentia e reagia; por exemplo, que ele olhou “para eles, ao redor, com indignação, estando profundamente contristado”, que ele “suspirou profundamente” e que ‘gemeu profundamente com seu espírito’. (3:5; 7:34; 8:12) É Marcos que nos conta os sentimentos de Jesus para com o jovem governante rico, dizendo que “sentiu amor por ele”. (10:21) E quanta afeição notamos no relato de que Jesus não só colocou uma criancinha no meio dos discípulos, mas também ‘pôs os seus braços em volta dela’, e que em outra ocasião “tomou as criancinhas nos seus braços”! — 9:36; 10:13-16.

Algumas das características de Pedro transparecem no estilo de Marcos, que é impulsivo, vivo, vigoroso, cheio de vida e descritivo. Parece quase não conseguir relatar os eventos com suficiente rapidez. Por exemplo, a palavra “imediatamente” ocorre vez após vez, conduzindo a história num estilo dramático.

Embora Marcos tivesse acesso ao Evangelho de Mateus, e seu registro contenha apenas 7 por cento de matéria que não consta nos outros Evangelhos, seria um erro crer que Marcos simplesmente condensou o Evangelho de Mateus e acrescentou alguns pormenores especiais. Ao passo que Mateus retratara a Jesus como o prometido Messias e Rei, Marcos considera então sua vida e seus trabalhos de outro ângulo. Apresenta Jesus como o Filho de Deus, que faz milagres, o Salvador vitorioso. Marcos frisa as atividades de Cristo mais do que seus sermões e ensinamentos. Apenas pequena parcela das parábolas e um dos mais longos discursos de Jesus são relatados, e omite-se o Sermão do Monte. É por este motivo que o Evangelho de Marcos, embora contenha tanta ação quanto os outros, é mais curto. Pelo menos 19 milagres são especificamente mencionados.

Ao passo que Mateus escreveu seu Evangelho para os judeus, Marcos evidentemente escreveu visando primariamente os romanos. Como sabemos isso? A Lei de Moisés é mencionada unicamente quando se relata conversa que se refira a ela, e a genealogia de Jesus é omitida. O evangelho de Cristo é apresentado como sendo de importância universal. Faz comentários explicativos sobre os costumes e ensinamentos dos judeus com os quais os leitores não-judeus talvez não estivessem familiarizados. (2:18; 7:3, 4; 14:12; 15:42) Expressões aramaicas são traduzidas. (3:17; 5:41; 7:11, 34; 14:36; 15:22, 34) Qualifica com explicações os nomes geográficos e a vida vegetal da Palestina. (1:5, 13; 11:13; 13:3) O valor das moedas judaicas é dado em moeda romana. (12:42, nota) Ele usa mais palavras latinas do que os outros escritores dos Evangelhos, sendo exemplos disso speculator (guarda pessoal), praetorium (palácio do governador), e centurio (oficial do exército). — 6:27; 15:16, 39.

Visto que evidentemente Marcos escreveu primariamente para os romanos, é bem provável que tenha escrito em Roma. Tanto a tradição antiga como o conteúdo do livro dão margem à conclusão de que foi escrito em Roma durante o primeiro ou o segundo encarceramento do apóstolo Paulo, e, por conseguinte, por volta de 60-65 EC. Nesses anos Marcos esteve em Roma pelo menos uma vez, e provavelmente, duas. Todas as principais autoridades do segundo e terceiro séculos confirmam que Marcos foi o escritor. O Evangelho já estava em circulação entre os cristãos em meados do segundo século. O seu aparecimento em todos os primitivos catálogos das Escrituras Gregas Cristãs confirma a autenticidade do Evangelho de Marcos.

Entretanto, as conclusões longa e curta que são às vezes acrescentadas depois do capítulo 16, versículo 8, não devem ser consideradas autênticas. Não aparecem na maioria dos manuscritos antigos tais como o Sinaítico e o Vaticano N.° 1209. Os eruditos do quarto século, Eusébio e Jerônimo, estão de acordo de que o registro autêntico termina com as palavras “estavam tomadas de temor”. As outras conclusões foram provavelmente acrescentadas com o fim de suavizar o modo abrupto em que termina este Evangelho.

Pode-se observar que a narrativa de Marcos é exata devido a seu Evangelho estar em plena harmonia, não só com os outros Evangelhos, mas também com todas as Escrituras Sagradas, desde Gênesis até Apocalipse. Ademais, demonstra-se vez após vez a Jesus como sendo alguém que tem autoridade, não só na sua expressão oral, mas sobre as forças da natureza, sobre Satanás e os demônios, sobre doenças e enfermidades, sim, sobre a própria morte. Portanto, Marcos começa a sua narrativa com a impressionante introdução: “O princípio das boas novas a respeito de Jesus Cristo.” A sua vinda e o seu ministério significavam “boas novas”, de modo que o estudo do Evangelho de Marcos deverá ser proveitoso para todos os leitores. Os eventos descritos por Marcos abrangem o período entre a primavera (setentrional) de 29 EC até a primavera de 33 EC.

rci//rv

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