quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

 Livro de Mateus...
Escritor: Mateus
Lugar da Escrita: Palestina
Escrita Completada: c. 41 EC
Tempo Abrangido: 2 AEC-33 EC


livro de Mateus é o de número 40 no cânon das Escrituras. Desde o tempo da rebelião no Éden, Yehowah apresenta à humanidade a confortadora promessa de que proverá, por meio da Semente de sua “mulher”, de libertação todos os que amam a justiça. Propôs-se a produzir esta Semente, ou Messias, através da nação de Israel. Com o passar dos séculos, fez com que dezenas de profecias fossem registradas por meio dos inspirados escritores hebreus, indicando que a Semente seria Governante no Reino de Deus e que agiria para santificar o nome de Deus, livrando-o para sempre do vitupério que se acumulou sobre ele. Esses profetas forneceram muitos pormenores sobre este que seria o vindicador de Yehowah e que traria a libertação do medo, da opressão, do pecado e da morte. Ao se completarem as Escrituras Hebraicas, a esperança no Messias se estabeleceu firmemente entre os judeus.

No ínterim, o cenário do mundo havia sofrido mudanças. Deus manobrara as nações em preparação para o surgimento do Messias, e as circunstâncias eram ideais para a difusão das novas desse evento em toda a parte. A quinta potência mundial, a Grécia, proporcionara uma língua comum, um meio de comunicação universal entre as nações. Roma, a sexta potência mundial, unira suas nações vassalas num só império mundial e abrira estradas para que todas as partes do império fossem acessíveis. Muitos judeus haviam sido espalhados por todo este império, de modo que outros ficaram sabendo da expectativa dos judeus de um vindouro Messias. E agora, mais de 4.000 anos depois da promessa edênica, o Messias aparecera! Viera a Semente prometida, há muito aguardada! Desenvolveram-se os eventos mais importantes até então na história da humanidade, ao passo que o Messias cumpria fielmente a vontade de seu Pai aqui na terra.

Era novamente tempo de se fazerem escritos inspirados para registrar estes acontecimentos momentosos. O Espírito de Yehowah inspirou quatro homens fiéis a escrever relatos independentes, provendo assim um testemunho quádruplo de que Jesus era o Messias, a Semente e o Rei prometidos, e fornecendo pormenores sobre sua vida, seu ministério, sua morte e sua ressurreição. Tais relatos são chamados Evangelhos, sendo que a palavra “evangelho” significa “boas novas”. Embora os quatro sejam paralelos e não raro abranjam os mesmos incidentes, não são absolutamente meras cópias uns dos outros. Os primeiros três Evangelhos são muitas vezes chamados de sinópticos, que significa “similar ponto de vista”, visto que adotam um enfoque similar ao narrar a vida de Jesus na terra. Mas cada um dos quatro escritores — Mateus, Marcos, Lucas e João — conta sua própria história do Cristo. Cada um tem seu próprio tema e objetivo específicos, reflete sua própria personalidade, e tem em mente seus leitores imediatos. Quanto mais examinamos seus escritos, mais apreciamos as características distintivas de cada um, e que estes quatro livros inspirados da Bíblia formam narrativas independentes, complementares e harmoniosas da vida de Jesus Cristo.

O primeiro a escrever as boas novas a respeito de Cristo foi Mateus. Seu nome é provavelmente uma forma abreviada do hebraico “Mattithiah”, que significa “Dádiva de Jeová”. Ele foi um dos 12 apóstolos escolhidos por Jesus. Durante o tempo em que o Amo viajou através da terra da Palestina, pregando e ensinando sobre o Reino de Deus, Mateus gozou duma relação achegada e íntima com ele. Antes de se tornar discípulo de Jesus, Mateus era cobrador de impostos, ocupação que os judeus abominavam completamente, visto ser um lembrete constante para eles de que não mais eram livres, mas estavam sob o domínio da Roma imperial. Mateus também era conhecido por Levi, e era filho de Alfeu. Aceitou prontamente o convite de Jesus de o seguir. — Mat. 9:9; Mar. 2:14; Luc. 5:27-32.

Embora o Evangelho atribuído a Mateus não o mencione como escritor, o testemunho sobrepujante dos primitivos historiadores da igreja o qualificam como tal. Talvez não haja livro antigo cujo escritor tenha sido mais clara e unanimemente firmado do que o livro de Mateus. Desde Pápias, de Hierápolis (início do segundo século EC), em diante, temos uma série de testemunhas primitivas de que Mateus escreveu este Evangelho e de que este é parte autêntica da Palavra de Deus. A Cyclopedia de McClintock e Strong declara: “Passagens de Mateus são citadas por Justino, o Mártir, pelo autor da carta a Diogneto (veja-se Justin Martyr, de Otto, vol. ii), por Hegesipo, Irineu, Taciano, Atenágoras, Teófilo, Clemente, Tertuliano e Orígenes. Não é meramente pelo assunto, mas pela forma das citações, pelo apelo calmo como se fosse à autoridade estabelecida, pela ausência de qualquer sinal de dúvida, que consideramos provado que o livro que possuímos não foi objeto de alguma mudança súbita.” O fato de Mateus ser apóstolo e, como tal, ter o espírito de Deus sobre si, assegura que aquilo que escreveu seria um registro fiel.

Mateus escreveu seu relato na Palestina. Desconhece-se o ano exato, mas as subscrições no fim de alguns manuscritos (todos posteriores ao décimo século EC) afirmam ter sido em 41 EC. Há evidências que indicam que Mateus escreveu originalmente seu Evangelho no hebraico popular da época e mais tarde o traduziu para o grego. Jerônimo, em sua obra De viris inlustribus (Sobre os Varões Ilustres), capítulo III, diz: “Mateus, também chamado Levi, e que de publicano se tornou apóstolo, primeiro produziu um Evangelho de Cristo na Judéia, na língua e nos caracteres hebraicos, para o benefício dos da circuncisão que haviam crido.” Jerônimo acrescenta que o texto hebraico deste Evangelho foi preservado nos seus dias (quarto e quinto séculos EC) na biblioteca que Pânfilo colecionara em Cesaréia.

No início do terceiro século, Orígenes, ao considerar os Evangelhos, é citado por Eusébio como dizendo que o “primeiro foi escrito . . . segundo Mateus, . . . que o publicou para aqueles que do judaísmo vieram a crer, estando escrito no idioma hebraico”. Que foi escrito tendo em mente primariamente os judeus, é indicado por sua genealogia, que apresenta a linhagem legal de Jesus, a começar com Abraão, e por suas muitas referências às Escrituras Hebraicas, mostrando que apontavam para o vindouro Messias. É razoável crer que Mateus usou o nome divino Yehowah na forma do Tetragrama ao citar partes das Escrituras Hebraicas que continham o nome. É por isso que a versão hebraica de Mateus produzida originalmente por F. Delitzsch no século 19 contém o nome Yehowah 18 vezes. Mateus teria tido a mesma atitude de Jesus para com o nome divino e não se teria restringido por uma superstição judaica prevalecente quanto a não usar tal nome. — Mat. 6:9; João 17:6, 26.

Visto que Mateus fora cobrador de impostos, era natural que fosse explícito ao mencionar dinheiro, números e valores. (Mat. 17:27; 26:15; 27:3) Ele apreciava profundamente a misericórdia de Deus ao permitir que ele, um desprezado cobrador de impostos, se tornasse ministro das boas novas e associado íntimo de Jesus. Portanto, notamos que Mateus é o único dentre os escritores dos Evangelhos que nos informa da repetida insistência de Jesus de que se requer misericórdia além de sacrifício. (9:9-13; 12:7; 18:21-35) Mateus foi grandemente encorajado pela benignidade imerecida de Deus e registra apropriadamente algumas das mais reconfortantes palavras proferidas por Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais labutando e que estais sobrecarregados, e eu vos reanimarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, pois sou de temperamento brando e humilde de coração, e achareis revigoramento para as vossas almas. Pois o meu jugo é benévolo e minha carga é leve.” (11:28-30) Quão reanimadoras foram essas palavras ternas para este ex-cobrador de impostos, contra quem, sem dúvida, seus compatriotas não haviam dirigido outra coisa senão insultos!

Mateus salientou especialmente que o tema do ensino de Jesus era “o reino dos céus”. (4:17) Para ele, Jesus era o Pregador-Rei. Usou com tanta freqüência o termo “reino” (mais de 50 vezes), que seu Evangelho poderia ser chamado de o Evangelho do Reino. Mateus se preocupou mais com a apresentação lógica dos discursos e dos sermões públicos de Jesus do que com a sequência estritamente cronológica. Quanto aos primeiros 18 capítulos , o destaque que Mateus dá ao tema do Reino levou-o a desviar-se duma ordem cronológica. Contudo, os últimos dez capítulos (19 a 28) seguem em geral uma seqüência cronológica, bem como continuam salientando o Reino.

Quarenta e dois por cento do relato do Evangelho de Mateus não se encontra em nenhum dos outros três Evangelhos. Isto inclui pelo menos dez parábolas ou ilustrações: o joio no campo (13:24-30), o tesouro escondido (13:44), a pérola de grande valor (13:45, 46), a rede de arrasto (13:47-50), o escravo que não mostrou misericórdia (18:23-35), os trabalhadores e o denário (20:1-16), o pai e os dois filhos (21:28-32), o casamento do filho do rei (22:1-14), as dez virgens (25:1-13) e os talentos (25:14-30). Ao todo, o livro fornece o relato desde o nascimento de Jesus, em 2 AEC, até sua reunião com os discípulos pouco antes da sua ascensão, em 33 EC.
rci//rv

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