sábado, 15 de outubro de 2011


Um velho lobo, que há muito tempo nada caçava, se viu numa situação difícil, pois nada tinha para comer. Caminhava cambaleante pela savana na esperança de ver uma presa, doente ou ferida, a fim de matar a sua fome que era grande.
O sol castigava fortemente sua cabeça, fazendo-a latejar de tanta dor que, em certo momento, até amenizava a dor no estômago, que também era constante. De repente, o velho lobo avistou um belo cão, bem tratado e forte, e o admirou. Logo, aproximou-se do seu parente no intuito de saber de onde viera. Ele acreditava que de onde o cão veio havia comida e bebida em abundância. Então, o lobo o abordou, e começou a choramingar a sua dor maior, que era a fome:
- Veja, velho amigo, eu que sempre fui respeitado como um exímio caçador, temido e respeitado por todos os animais da floresta, agora estou velho e nada tenho para comer, pois há muito tempo que nada apanho, nem se quer uma lebre perneta...
- Se você vier comigo, ficará como eu. Só precisa agradar as pessoas que moram na casa e ser companheiro do dono. Ele dará deliciosos restos de comida para você - completou o cão, comovido com a situação do velho lobo.
Após o papo amigável, o lobo resolveu ir com o cachorro para o seu novo destino. Entraram floresta adentro, numa jornada longa e cansativa. Embora fraco e debilitado, o que animava o lobo era saber que, no final do percurso, teria a oportunidade de comer um suculento prato de comida acompanhado de uma boa tigela de leite. Bastava agradar ao "dono". Dono!? Hummm! Aquilo começava a preocupar o velho lobo.
Então enquanto acompanhava o cão, o lobo percebeu que seu companheiro tinha o pescoço cheio de feridas. Esperou uma oportunidade para perguntar como as adquiriu. Depois de pararem para um descanso, de imediato, o lobo perguntou:
- Amigo, se mal lhe pergunto, que feridas enormes são essas? Quem lhe feriu?
- A corrente! - respondeu o cão.
- Que corrente? - questionou o lobo.
- A que me mantém preso. Ela acaba me machucando todo! - explicou o cão.
- Você fica preso e não pode correr para onde quiser? Não tem liberdade?
Então, de que adianta tanta fartura e beleza se não há liberdade? - indagou o lobo, retrocedendo de imediato.

O cão entristeceu-se. E continuou o lobo:
- Por esse preço, não quero nem o mais valioso tesouro!
É, amigo leitor, ao término desta narrativa, chegamos à conclusão de que a liberdade não tem preço, e que nada neste mundo pode pagá-la. Esta é a razão pela qual o nosso Deus deu o seu Único Filho: para nos resgatar da prisão e partir os grilhões que nos aprisionam. E também para nos salvar e trazer a verdadeira libertação.
RCI RV

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