terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mãos
Um velho senhor, ali pelos noventa anos ou mais, estava sentado no banco da praça. Ele não se mexia, apenas sentado com a cabeça baixa fitando suas mãos.
Quando sentei-me ao lado dele e ele não percebeu minha presença senti-me tentada a lhe perguntar se estava bem. Finalmente, mesmo não querendo perturbá-lo mas querendo comprovar, perguntei-lhe se estava bem.
Ele levantou a cabeça, me olhou, sorriu e respondeu: - Sim, estou bem, obrigado por se interessar. Ele disse com uma voz forte e clara.
- Eu não queria perturbá-lo, senhor, mas como o senhor estava muito quieto, fitando suas mãos, eu quis me assegurar de que estava bem. Expliquei a ele.
Então ele me perguntou: - Você já olhou as suas mãos? Quero dizer realmente olhar as suas mãos.
Eu lentamente abri as minhas mãos e dei uma olhada nelas. Virei-as, palmas para cima e palmas para baixo.
- Não, acho que eu nunca tinha realmente olhado as minhas mãos. Eu disse enquanto tentava entender onde ele queria chegar.
Então ele sorriu e narrou: - Pare e pense por um momento sobre as mãos que você tem, como foram muito úteis por todos os seus anos.
Estas mãos, embora murchas, enrugadas e fracas foram as ferramentas que usei por toda a minha vida para estender e agarrar e abraçar a vida.
Elas me escoraram e me apoiaram em minhas quedas quando era bebê.
Colocaram alimento em minha boca e roupas em meu corpo.
Quando criança minha mãe me ensinou a postá-las em oração.
Amarraram meus sapatos e puxaram minhas meias.
Secaram as lágrimas de minhas crianças e acariciaram o amor de minha vida. Limparam minhas lágrimas quando estava na guerra.
Estiveram sujas, arranhadas e feridas, inchadas e curvadas.
Estavam inquietas e desajeitadas quando tentei segurar meu filho recém-nascido.
Foram decoradas com minha aliança de casamento e mostraram ao mundo que eu era casado e amado por alguém especial.
Escreveram cartas e tremeram quando enterrei meus pais e esposa e também quando levei minha filha até o altar.
Ainda, foram fortes e seguras quando cavei meu amigo para fora da fossa e deixaram erguido o meu melhor amigo.
Elas seguraram crianças, consolaram vizinhos e agitaram os punhos em raiva quando eu não entendia.
Cobriram meu rosto, pentearam meu cabelo, e lavaram e limparam o resto de meu corpo.
Estiveram grudentas e molhadas, curvadas e cerradas, ressecadas e feridas.
E até hoje, quando não muito de mim funciona bem, estas mãos me seguram, me erguem, e outra vez se põe em oração. Estas mãos são marcas de onde estive e o que foi minha vida.
Mas, o que é mais importante, estas mãos serão alcançadas por Deus quando Ele me dirigir de volta ao lar. E Ele não se preocupará com onde estas mãos estiveram e nem o que fizeram. Ele se preocupará com a quem estas mãos pertencem.
Sem nenhuma dúvida eu nunca mais olharei minhas mãos da mesma forma. Eu nunca mais vi aquele senhor depois que eu o deixei naquela praça, mas nunca o esquecerei e nem as palavras que ele falou.
Quando minhas mãos estão machucadas ou feridas ou quando afago o rosto de minhas crianças, eu penso no homem da praça.
Tenho um sentimento de que ele foi afagado e acariciado e seguro pelas mãos de Deus. Eu, também, quero tocar o rosto de Deus e sentir as suas mãos sobre meu rosto. Obrigado, Deus, pelas minhas mãos.

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